27.2.07

Deus

Eu queria tanto acreditar
Que desta porfia de fim
Um dia me virás buscar
Um dia me porás um fim

E que em teus braços dormirei
Leve, calma e desalmada
Livre do que neste mundo já carreguei
Livre de toda a ilusão criada

Mas tua fé não me move
Assim, aqui, me prende a razão
De que um dia, sendo nada, morrerei
De que um dia pensei ser tudo, em vão

2 comentários:

Anónimo disse...

Ta tao brutal, diferente, nao tão escuro... por assim dizer, mas sempre mto bem escrito ;)

Anónimo disse...

Está simples e bonito.
Mas se é que sei o que está por detrás deste poema, não achas que não deves preocupar-te tanto com a morte. O que acontece ou deixa de acontecer?
Sim vamos morrer é certo. Não não sei se virá Deus buscar-nos, se iremos apodrecer num caixão, ou permanecer das cinzas que nos sobraram da cremação, pois do pó ào pó, como se diz.
Mas creio que temos é que pensar no que poderemos fazer enquanto cá andamos e não quando iremos passar para outra realidade. Depois logo se vê. Ou se é o nada, não se vê. Mas nessa altura não há tempo, espeaço, existência, por isso também não importará o que deixamos ou não de fazer, pois nada podemos fazer, também não há vontade para fazer.
Não sabendo então o que irá acotnecer, é melhor pairar este mistério do caminho por desvendar, concentrando-nos nno trilho sob os pés. Sentir a areia e o ar, e não adiantarmo-nos no tempo. Se não nem viveremos este nem o que vem, ou não vem. Então em vez de iremos parar ao nada, sempre nos encontraremos lá. E aí teremos pena de não termos aproveitado o tempo, que demos como nosso, pensando apenas no final, sem nunca termos começado.
Aí sim a morte será triste, pois voltaremos ao nada, sem o sentimento de concretização cumprido.