8.9.09

poema a alexandre o'neill

Alexandre,
Nem eu nem tu temos cabelo de asa de corvo, Alexandre.
Nem eu nem tu ficaremos a imaginar,
Vendo as gaivotas no Tejo a passar,
Enquanto desejo dar-te a mão, Alexandre.

Oh Alexandre,
Nem eu nem tu estamos aqui.
Nem aqui, nem hoje, nem já, Alexandre.
Não estaremos em lado nenhum,
Enquanto não me deres a mão,
Aquela que eu prefiro
Que sua com a minha no calor do Verão.

Alexandre, meu amor, vem agora.
Vem que o descanso nos aguarda,
Pelas palavras vãs que proferiste
Mas que tanto te cansaram.
A ti, e a mim, Alexandre.
Vem que o leito é meu.

30.4.09

já só sei escrever palavras

Não há belezas aqui,
Só os segredos escondidos,
Em páginas de livros,
Do que em tempos senti,
De toda a vida que fui,
Todo o sonho que moveu
Aquilo que sempre previ,
Mas que agora, morreu.

Não desespero nem choro,
A alma não pequenou
Foi só um síndrome vago
Já não achar necessário
Escrever aquilo que sou
A cada momento passado
A cada vida num verso
Que um amor verseado
Não tem por isso marcado
O futuro que lhe peço

E talvez seja só desculpa
Da dormência da mente
O porquê da arte acabada
Porque é que a mão já não sente?
Mas tudo tem o destino
Bem escrito em lado nenhum
E não é por serem lavradas
Todas as terras que tenho
Com vontades semeadas
Que tudo passará
De um sonho estranho

E eu já só sei escrever palavras