Eu deixei de saber não dizer toda a palavra que está em mim. Porquê? Ainda me é desconhecido. Só sei que outrora o fiz com toda inocência que a uma criança compete, sem nada mais que sonhos impostos em mim. E agora já não sei. Também já não sei não ter lágrimas. Outrora tinha-as mas, entre sôfregos risos, ia colocando pedras leves nas minhas pálpebras, que as tapavam, e assim sorria. Hoje, só sei que abri as portas. Abri-as sem saber que nunca mais as iria fechar. De mão pequena e tremente abracei a maçaneta na ânsia própria de mim. Vi no chão todo um rasgar de luz, apelador, que me guiou a virar a porta. Virei-a. E agora isto. Tudo o que agora tenho, guardei em versos, guardei em versos meus que um dia me saberão contar o que fazer. Mas até o meu verso é para mim um segredo! É um segredo do que senti em segundos de impossível retorno. Resta-me, agora que todo o meu carácter omissivo se omitiu, ser percepcionada. Ter lágrimas e dizer toda a palavra que está em mim. De mim para todos, mas só para mim.