11.11.08

Crime

Não há sopro,
Ar que se respire
Nas frinchas
Da porta do meu lugar
O sítio quente,
Seguro
Que sempre quis encontrar

Foi antes o abafo e o desalento
Que sem noção recebi
Do crime nefando
Que não esqueço
Nem nunca esqueci

Será que ainda
Deus
Me poderás perdoar?
De tudo o que fiz,
E sou
Sem nunca nisso pensar

3.7.08

Gaveta

Tenho almas
Tantas
Quantas?
Não sei
São só almas guardadas
Na gaveta que tranquei

14.5.08

Emmimmesmada

De tão brandos e verdes
Os campos
De tamanha a luz que irradia
O mar
Terão estes todos os encantos
Que a minha quebrada alma
É suposta
Contemplar?

Pois que de um veloz esgar
Eu contarei
Todo azul do mar
Que a ninguém se tece
Mas porém de todos
Este mar é prece

Não serás meu, ó céu,
Só por te versear...
Tu
Que deténs todos os sonhos
Que me os fazes tão medonhos
Pela alma e pela dor
Que me recuso a te entregar

De incerta voz vagueando
Do meu silêncio de gritar
Te faço a ti, ó não meu, pensando
Que alguma vez me irás chegar...

15.4.08

Ridículo

Tudo isto é ridículo
Humano não o seria
Se não fosse ridículo
E não houvesse porfia

É ridícula a dor
De que padece toda a alma
Que hipócrita e sem pudor
Em todo o luxo se acalma

Mas mais ridículo ainda
É tudo o que penso enfim
Toda a vontade de amor e riso
Que tenho mas não quero em mim

Arte

A tinta seca não mais corre
Porque já tudo o que lhe é se expirou
O que a atormenta, não morre
Foi apenas a arte que se escapou

13.3.08

A Excepção

Eu deixei de saber não dizer toda a palavra que está em mim. Porquê? Ainda me é desconhecido. Só sei que outrora o fiz com toda inocência que a uma criança compete, sem nada mais que sonhos impostos em mim. E agora já não sei. Também já não sei não ter lágrimas. Outrora tinha-as mas, entre sôfregos risos, ia colocando pedras leves nas minhas pálpebras, que as tapavam, e assim sorria. Hoje, só sei que abri as portas. Abri-as sem saber que nunca mais as iria fechar. De mão pequena e tremente abracei a maçaneta na ânsia própria de mim. Vi no chão todo um rasgar de luz, apelador, que me guiou a virar a porta. Virei-a. E agora isto. Tudo o que agora tenho, guardei em versos, guardei em versos meus que um dia me saberão contar o que fazer. Mas até o meu verso é para mim um segredo! É um segredo do que senti em segundos de impossível retorno. Resta-me, agora que todo o meu carácter omissivo se omitiu, ser percepcionada. Ter lágrimas e dizer toda a palavra que está em mim. De mim para todos, mas só para mim.

7.3.08

O Frio Da Vida

Nas águas do rio
Nas asas do vento
Voam pássaros sobre mim
E eu fico ao relento

Minhas lágrimas caiem
No rio a correr
E nas suas correntes
As lágrimas se irão perder

Os meus olhos ardem
Nas asas da solidão
E eu, numa caverna,
No vento da escuridão

escrito nos meus simpáticos 11 anos

4.3.08

Não Sei

És a única coisa que sobra
De tudo aquilo que conquistei
De todas as lágrimas caiadas
De todos os sonhos que sonhei

E eu já só quero é escrever
Mostrar-te a ti o que não sei
Promete-me ao menos que escutas
Não irás tu fugir-me também

Apenas resta a vontade
De que, a todos os desafios
Eu que neles caio, tropeço, e levanto
Me passem mais velozes, mais esguios..

27.2.08

Tu vais e partes sem saber
Que não mais farei que ver-te ir

5.2.08

Rodar

Há toda uma estabilidade
Que lá do cimo me seduz
Que me mente, me tenta
Mas a lado nenhum me conduz!

Ao vómito eu me habituei
Aquele que vem com o deslizar
Entre tudo o que já odiei
Entre tudo o que hei de odiar

Já é nojo o que me vem
Quando me sinto a flutuar
Naquilo que toda a gente tem
Neste mundanice que é o...parar


28.1.08

Querer

Ai, eu queria tanto
Ver tudo de um só canto
Mas uma só alegria, um só momento
Ser cada coisa a meu tempo

Ai, eu queria mais
Que todos os olhos fossem iguais
Que cada um fosse apenas parte
Da mais divina, a humana arte

Ai, mas aquilo que eu quero
É poder sentir enquanto espero
Sentada à frente do mundo
Fazê-lo num só segundo

8.1.08

Isso É-se

Se algo estou
Alheada é
Mas dormindo fechada
Ainda me dou
A todos os sonhos que sou

Esboço
Tenho um
Então Deus, dá-me mais
Já quis todos os ideais
Mas abracei-me a nenhum

E cada moeda atirada
Cada sorte, cada pedrada
Me cai e me dói
Me faz chorar por mim
Nunca foi meu
Querer ser assim