16.5.07

Surda

A voz com que me falam
Não a ouço, não a sei
Vivo de olhos abertos
Ao mundo onde o silêncio é rei

Não é que nada proferido
Pelas bocas que me engolem
Não faça qualquer sentido
Não mova almas que nisso morrem

Mas sou surda a palavras
Que em mim nada são
Saiem certas, entram erradas
São-se fora do meu coração

E os coalescentes ditados
Chegam-me inóspitos, distorcidos
Ou terei já os pensamentos artilhados,
Para que nunca os considere vividos?

6.5.07

Sem Saber

Por nada me fico
Sem causa de ti
Só talvez com a lembrança
Do que em sonhos possuí

E que de alma barrada
Te julgo por mim
Te vivo, errada
Na ânsia de um fim

Sê eu.
Faz-me saber o que saber
Faz-me acreditar-te por mim
Enganar toda a verdade sem ver

Sorri.
Finge seres diferente
Finge seres tudo o que preciso
Seres-me tudo leveanamente.