Surda
A voz com que me falam
Não a ouço, não a sei
Vivo de olhos abertos
Ao mundo onde o silêncio é rei
Não é que nada proferido
Pelas bocas que me engolem
Não faça qualquer sentido
Não mova almas que nisso morrem
Mas sou surda a palavras
Que em mim nada são
Saiem certas, entram erradas
São-se fora do meu coração
E os coalescentes ditados
Chegam-me inóspitos, distorcidos
Ou terei já os pensamentos artilhados,
Para que nunca os considere vividos?