7.2.07

Homem de Fato e Chapéu

Intacto no seu alheamento
Caminha nas suas largas passadas,
Longas e calmas, pisa
Incontavelmente, o chão da sua Lisboa.

Distante do agora
Da linha visionária da sua estatura.
Doirado pelo sol,
Inverte o já descido Chiado.
De tique, ajeitando o chapéu negro
Que lhe aquece confortávelmente a cabeça,
Sobe do Rossio, do mar invasor.


O silêncio solarengo, invulgarmente citadino,
Atrai pássaros a gritarem do alto, de
Cada prédio em que se reflecte a vivência banal, cantada.
De encontro a Pessoa, pensa em si.
Seus ideais imortalizados em palavras, dignos.

Calmamente,
Um banco acorda-o para o cansaço suportável das pernas.
Sentado, retira do bolso o seu bloco e caneta.
Rê-le o já escrito, olha o céu,
E acrescenta-lhe o pensamento sedado pela tranquilidade preenchente.
Pousa as mãos, já livres, no banco aquecido pelo sol,
Divaga mais um momento imaginário.

Sobe finalmente para Camões.
A este a luz não ilumina como fizera a Pessoa...
De pé, descansou.
De janelas fechadas ao mundo, pressentiu que o sono do sol chegara,
E voltou a descer.

Novamente, Chiado. Diário ponto de partida e chegada.
Olhou fixamente o raio último do sol.
Fechou os olhos, pensou,
"Mais um", sorriu.
Desapertou a gravata, retirou o chapéu.
Entrou em casa.

2 comentários:

Anónimo disse...

lindo. o poema ta mesmo brutal, esmeraste-te... gostei imenso do homem de fato e chapeu

Anónimo disse...

Gostei bastante. Parecia que estavas a falr de pessoa...apesar de se notar claramente que não era. Porém quando o imagino, é assim.
Um homem solitário que caminharia nas ruas em bsuca de inspiração...neste homem a isnpiração é Camões e mais propriamente Pessoa :)

Bonito, simples =)