13.3.08

A Excepção

Eu deixei de saber não dizer toda a palavra que está em mim. Porquê? Ainda me é desconhecido. Só sei que outrora o fiz com toda inocência que a uma criança compete, sem nada mais que sonhos impostos em mim. E agora já não sei. Também já não sei não ter lágrimas. Outrora tinha-as mas, entre sôfregos risos, ia colocando pedras leves nas minhas pálpebras, que as tapavam, e assim sorria. Hoje, só sei que abri as portas. Abri-as sem saber que nunca mais as iria fechar. De mão pequena e tremente abracei a maçaneta na ânsia própria de mim. Vi no chão todo um rasgar de luz, apelador, que me guiou a virar a porta. Virei-a. E agora isto. Tudo o que agora tenho, guardei em versos, guardei em versos meus que um dia me saberão contar o que fazer. Mas até o meu verso é para mim um segredo! É um segredo do que senti em segundos de impossível retorno. Resta-me, agora que todo o meu carácter omissivo se omitiu, ser percepcionada. Ter lágrimas e dizer toda a palavra que está em mim. De mim para todos, mas só para mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

Se descrevesse o que senti a ler este poema, o que percebi, o que ele transmite tanto de ti, se confinasse a mensagem numa palavra estaria a reduzi-lo, se dissesse o quanto gostei estaria a por limite a uma coisa que o ultrapassa, não sei se tens a noção, mas criaste uma das melhores alegorias que ja li, e com isto acabo de reduzir o teu texto a uma palavra mundana que só serve para descrever o bom de entre o mediocre, e tu superaste isso por isso apenas te deixo com sensações que te digo subentendidas, pois só assim é que as verdadades se contam e se escondem, só para que alguém que as procure as encontre.