22.1.07

Manhã

Desperta do profundo sonho que viveste. No pacífico, ergue o teu pensamento bem alto para que a consciência te invada a alma. Descansa da rede que te atormenta, caminha para o insubstancial passeio da calma alheia. Lá, abdica. O sol encara-te a face como se só a ti iluminasse. Teus olhos reflectem o que te enche por dentro. Tanta paz recôndida que um corpo atónitamente aflito possui. Mas existe sempre este acalmar, tal que só o sol te traz, seja a manhã em que escutas melros de um negro carvão a sussurrarem as mais apaziguadoras preces, sejam as árvores que acabadas de olhar a luz emancipam o seu verde tão calmamente reconfortante. Fresco. Estado de mente tão etéreo e efémero. Há que devorar a sua virtude, dom tão magnificamente eficaz. Angústia e ânsia ? Já te aguardam. Pensamento ribombante volverá a teu corpo. O teu espírito presentemente sedado romperá, imerso na aflição. Nega permissão. Guarda cada manhã de sol para ti.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Tanta paz recôndida que um corpo atónitamente aflito possui"

Quem me dera a mim possuir tamanha paz reconfortanete pois olho em redor e so vejo a frígido e duro mundo.

"Pensamento ribombante volverá a teu corpo"
E viciosamente retornará...eternamente. E tentamos entorpecer a mente, tolda-la à própria realidade. Mantermonos no vazio obscuro dos pesadelos criados no nosso estado de alucinação. Mas o estado é instável e um fresta e o pensamento retorna forte e implacável, fazeno-nos cair em nós, obriga-nos a olhar para nós, ajoelha-nos sobre a verdade e aí não à fuga. Não podemos fugir da realidade que é apenas reflexo deturpado de nós mesmos. Nunca.