3.1.07

Alma

Ele bate com tanta força e agonia que chega a saber a morte, sabor a medo mas mesmo assim a concretização de palavra. Mas passa sempre, apenas deixa o desejo do fim, daquela morte tão ambiguamente querida. Chamem tresloucada se quiserem, agora a alma deixou de ter ouvidos. O mundo cá dentro vestiu-se de luto pela estupidez dos actos, pelo despercídio de alguma inteligência. A irreversivilidade começa a dar sinais, realmente as flores grandes e vistosas desaparecem com o tempo, não para todos. Para uns apenas deixam de ter importância, ou a sua existência é gozada. Outros, simplesmente invejam a sua simplicidade e adoptam a atitude de parecerem superiores. E se calhar são, ninguém sabe. O que é que esta alma está a fazer ? Meu deus, a complexidade atinge-a como um tiro, mas não liga. E mesmo assim continua a mostrar-se, juro até que avisa .. de nada serve. Nada. Porque no fundo tudo isto é nada. É passar porque tem de ser, porque não há mais nada a fazer. Pode passar-se no apático. Até naquela felicidade patética. E ainda há o passar-se a pensar, a pensar para depois se acabar sem ter percebido porquê, mas sem o patético, o bom do ignorante. Mas o inatingível de momento, talvez por se ter perdido o inteligível, é o porquê deste ciclo obscuro vicioso e auto-consumista. A alma chega até a duvidar da lógica, aquilo que sempre a moveu, tal é a grandiosidade do acabamento. Lógica essa que lhe indicou, tal como aos outros, que se sabemos a causa da coisa e sabemos como resolver a coisa, então acaba-se a coisa. Mas que coisa ? Talvez seja esse o problema da questão da alma. Também, que glória terá uma alma que pergunta sem resposta, que magoa sem perdão, que chora sem porquê. Mas o pensamento, esse sim talvez o maior feito da ciência ou de deus, de momento não tenciono discutir crenças, nunca deixa a alma perder-se em paz. Ela pede para que morra, até que lentamente, não se importa, mas por favor sem consciência do destruimento em roda. Porque assim dói ainda mais cá dentro. E a alma pensa. Pensa mas não atinge. E o que faz é pedir desculpa. Desculpa por existir.

1 comentário:

Anónimo disse...

Boa intervenção.